Ricardo… Escuta-me com atenção… Isto é importante. Sou ainda mais fraca do que imaginava, porque tentei prometer-me a mim própria que iria acabar com tudo isto, mas gosto demasiado de ti, e não dá. Sou tão estúpida, diz-me, porquê? Porquê é que tenho de gostar tanto de ti quando já não gostas de mim? Ainda te lembras da nossa casa de sonho? Eu lembro-me dela todas as noites e imagino como seria maravilhoso se fosse verdadeira. Eu, tu, a tua irmã. No teu prédio. Sem pais ou vizinhos chatos. Com um bruto ginásio onde podias treinar sempre que quisesses. Com fotografias tuas espalhadas por toda a casa. A remares no oito italiano do Bruno Mascarenhas, a seis (por também seres voga), nos jogos olímpicos, fotos tiradas por mim, a tua fotógrafa profissional. Lembras-te?
Era a nossa casa de sonho, e sonho com cada momento passado quando decidíamos isto.Eram bons tempos… Lembras-te também quando começaram os europeus, e logo no primeiro dia me começaste a tratar mal e eu pensava que nunca mais te queria ver à frente? A Mariana disse-me para não ligar, pois tinha sido o mesmo com ela, que era só no primeiro dia. E nos dias seguintes, não te conseguia largar, não conseguia parar de te mandar mensagens a perguntar onde estavas e como estavas, já te oferecia bebidas do meu copo sem me pedires, parecia que adivinhava o que querias, o que precisavas. E por incrível que pareça, no último dia já chorava por dentro por ter de “te abandonar”. E foste tu, meu pequeno campeão, que me fizeste convencer a minha mãe a ir jantar à praça da república na última noite, foi nessa noite em que recebi uma treta qualquer da barbie e pedi ao man do mac para trocar aquela merda por um boneco, que depois o baptizei como tua miniatura. Lembro-me tão bem como o Bruno Certú mando a puta da bola para o caralho mais velho. Mas não me importei, porque estava lá por tua causa, estava lá contigo, e estava a sorrir contigo.
Esse boneco tem-me acompanhado sempre, está presente em todos os jogos, todos os testes, todos os momentos importantes sejam eles bons, ou maus. É a ele que me agarro quando tenho vontade de chorar, quando vejo e ouço os meus pais a discutir, quando as coisas não correm como esperava, quando me lembro do que tive e do que perdi. Ele não se mantém em pé, coitado, em Setembro no sprint os índios do sport tentaram parti-lo, mas ele é forte e manteve-se inteiro, um bocado com as pernas tortas, mas mantem-se firme, pronto a enfrentar tudo e todos, tal como tu, sempre de cabeça erguida. E é quando fico a olhar para ele que sei que fiz uma boa escolha ao baptiza-lo como tua miniatura, apesar do peito dele serem as tuas costas, grandes e fortes, como eu sempre amei. É por seres assim forte, que te escolhi para meu melhor amigo, e talvez seja tarde para dizer isto, mas não quero que nada acabe. Aqui, neste pequeno e estúpido coração, existia o João Manzarra, que era o meu ídolo, o Incrível Hulk, que era o nosso campeão e o meu “namorado”, e depois, existias tu, o Grande Ricardo Lopes, sim Grande com G maiúsculo, pela tua Grande força de vontade e pelo teu Grande empenho por tudo.
E só tu, eras mais que os outros dois juntos, eras quem me completava, e quem me alegrava sempre, acontecesse o que acontecesse, tu estavas lá para mim, e eu sabia que irias estar sempre. Foi tão difícil fazer-te entrar na minha vida, que estava quase a desistir, mas mais uma vez fui fraca e não consegui parar, até que “cedeste” e passámos maravilhosos momentos. Lembras-te de todas as vezes que cantavas para mim? Que me chamavas de amor e de bebé? De todos os ciuminhos, por mais pequenos que fossem…? De todas as coisas que me ensinaste? Queres que te lembre de uma? “Ele é o hulk, incrível hulk, super herói, de cor azul, marca um golo, ‘pra curva sul porque ele é o hulk, o incrível hulk (…)” ahahah, acredita que nunca me vou esquecer disto, nem de muitas outras músicas da claque do futebol clube do porto. De todas as nossas músicas partilhadas, lembras-te? De todas as chamadas de web, a comermos um à frente do outro; das tuas “semi-conversas” com a minha mãe; das provas de remo que me mandavas, dos melhores do mundo; de todas as noites a falarmos por chamada, que era uma rotina; de todo o apoio mural que dávamos um ao outro; de todos os “amo-te” e “adoro-te” sentidos, e verdadeiros; de todas as vezes que tive de ouvir os meus irmãos armados em carapaus de corrida por falarmos… lembras-te coração? Eu vivi tanta coisa contigo, que se desaparecer tudo agora, como está a acontecer, eu não sei o que fazer da minha vida. Posso fazer montes de actividades, posso chamar “melhor amigo” a montes de pessoas, posso-me divertir as vezes que forem precisas, com quer for preciso, que no fim, vai-me sempre faltar uns 99% da minha vida, tu! E não duvides, sabes que é verdade, tu sabes que és importante. Eu, com um simples erro, dei cabo de uma grande amizade, de uma irmandade, que eu acreditava que era impossível de quebrar. Não te peço uma segunda oportunidade, porque não acredito que existam, mas peço-te que tentes dar-me uma terceira, simplesmente tenta. O que é que perdes em tentar? Se eu fizer asneira, prometo que apenas finjo que acabei de desperdiçar tudo outra vez, e que não passo mesmo de uma grande falhada que sou. E que nunca mais voltas a levar comigo. É que, ainda não me mentalizei que estou a deixar escorregar tudo isto pelas minhas mãos, na minha cabeça, é uma simples zanga em que tudo se resolve com uma mensagem, uma chamada… talvez assim fosse se me tivesse apercebido disto mais cedo, talvez, mas não posso mudar o tempo, por isso é que te escrevo isto, nem tenho coragem para te enfrentar cara-a-cara nem “voz-a-voz”, és tão importante para mim, e se não conseguir resolver isto como estou a tentar, vou ficar sempre presa aqui, e nunca vai passar de “ai quando o Ricardo Lopes era o meu melhor amigo (…)” não é isso que quero, eu quero-te como melhor amigo, no presente, agora. Mesmo que isso demore tempo a reconquistar, eu estou disposta a isso, tu sabes que sim, só preciso que me dês uma oportunidade. Sempre soubeste que nunca fui muito “chegada” a minha mãe, e que sempre fui “filhinha do papa”… a prova que a minha vida deu uma volta de 360º é que isso mudou bastante, a minha mãe neste momento deve ser quem mais vezes me viu a chorar, quem mais me limpou as lágrimas que todos os dias cá estão de novo, e incrivelmente ela sabe sempre que a causa de tantas lágrimas é o “comilão”. E de todas as vezes que não tínhamos nada para dizer um ao outro e nos metíamos no engate? Lembras-te? E daquela vez que estive com a Mariana na web? E de todos aqueles “Ó Marianaa, anda aqui ao mano”? E de todas as “competições” com a Lydia sobre quem ia ter a tua camisola, e no final, quem a teve fui eu, lembras-te disso Ricardo? De todas as coisas que me ensinaste; de todas as conversas assustadoras com o Roberto; daquela vez que estive para comer um rapazito e tu disseste que ele não era de confiança, e eu não fui; de todos os meus Grandes ciúmes; de todos os meus amuos; de todas as mensagens; de todas as chamadas; de todos os sorrisos; de todas as memórias; Diz-me por favor que ainda te lembras de tudo. Diz-me que da próxima vez que passares por mim te vais lembrar de tudo outra vez. E se por acaso, da próxima vez que me vires, se me voltares a ver claro, se estiver a chorar, “gringo fica tranquilo” porque vou estar a chorar por todos os bons momentos passados. Não te quero pressionar a nada, talvez o esteja a fazer mas não é por mal, é porque preciso mesmo de ti, e estou muito arrependida do que fiz e do que disse, e pareces não entender isso.
"É muito difícil encontrar um bom amigo, mais difícil ainda deixá-lo e impossível esquecê-lo"
Há quem diga que uma imagem vale mais que mil palavras, mas este texto, este desabafo vem contrariar isso !
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